quarta-feira, 30 de março de 2016

A melhor sensação do mundo era você entre minhas pernas, sua barba áspera raspava minhas coxas.
A pior sensação do mundo foi me perceber cansada de suas partes, não seu pau, não tinha nada de errado com ele. O problema era sua cabeça.
E a sensação mais tranquila foi perceber que há outras barbas ralas, outros paus, outras línguas que agem em silêncio enquanto não encontro uma mente e um corpo que me acompanhem.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Eu não vou beber seu sangue, não quero suas maldições em mim e tão pouco vou te acariciar os cabelos invasores, não vivo na sua roda de virtudes desesperadas, risos fáceis e exibicionismos.
Você não vai me achar procurando tão a cima, eu não vivo nessas superfícies táteis, meu bioma é mais abaixo da pele, dos ossos, mais próximo aos segredos e medulas.
E é isso que te seduz, te atrai e ao mesmo tempo te aterroriza, dentro do meu olho esquerdo qualquer um pode ver o deleite e o fim, pequenas mortes consecutivas como luzes que passam pela janela do carro que corre dentro do túnel.
E quando meu sorriso surgir, vai ser o fim de mais um dia e quem sabe, com sorte, nosso último.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Lack.

Me desenhei com a corda no pescoço, o laço ainda frouxo erguido por um lápis, do tórax inflamado e com uma sutura aberta vazam mariposas, das quais pardais vem para se banquetear.
Hoje eu morro um pouco mais, hoje meus pedaços caem pelas ruas, se espalham e são levados pelo vento, entopem bueiros, fazem a chuva empoçar, fazendo com que os carros flutuem um pouco acima do asfalto.
Fragmentos mortos com notícias de um jornal da vintena passada, a quem ninguém mais interessa, se não aos garis que vão limpa-los das vias.
Trabalho cansativo é esse de respirar quando te sobram buracos, espaços e lacunas, o processo de puxar o ar não funciona mais tão bem.
E não sei mais como se amarram os cadarços, como escovar os dentes que sangram na gengiva irritada com a força aplicada na escova, e não sei mais como abotoar a camisa que sempre sobra um botão ou uma casa no final. Não saber de nada é angustiante e ao mesmo tempo libertador.
Agora é esperar que os pardais limpem tudo e façam, desses buracos, ninhos.
Tomara.

domingo, 7 de junho de 2015

Quanta música pode haver dentro de si?

Não posso tocar ou cheirar o som
mas posso torce-lo e molda-lo
Ele não ocupa o espaço físico
pode ser pesado como um olhar
leve como o sabor de um verão
E não comprime meu peito

Mas pode pesar no meu coração

E não há medo nas melodias
é onde posso correr meu lápis
pintar uma relação com a vida
e poder reforçar meu traçado
sem deixar marcas profundas 
mas eternas como tatuagens

E pude fluir como tinta pelas veias





 



segunda-feira, 1 de junho de 2015

boicote

Me apartei de mim tão forte que perdi o caminho de volta

Há sempre uma parte que destoa, dissocia
Eu sou dissonante do meu próprio timbre
As poucas cordas que mantém estão ressecadas
O som que produzo agora é aborrecido e baixo
Uma trilha sonora para um enjôo de maré, azedo
Salmoura morna, leite azedo, sofá mofado ao sol

Desaprendi os impulsos mais básicos do ser
Quem sou eu agora, além de grito atado em si
Cores apagadas dos fantasmas de sonhos lindos
O eco do sussurro de quem eu fui além desse dia
Me faço carapaça, imagem torta do miolo mole.

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

collateral effects in 8° day.

I didan't feel any stronger collateral effect since started with prozac, until today, my eighth day starts with dizziness, nausea and fatigue followed for headaches. througout the day were getting lighter, dispite the crises of anxiety decreased a lot.
My therapist said these effects are transient and I'll feel better very soon.

terça-feira, 30 de setembro de 2014

Prozacquiando.

Simplesmente estou de bom humor e disposta. Eu sei que ainda tenho problemas para resolver até ficar realmente boa, contudo já no segundo dia de uso senti os efeitos positivos e negativos do cloridrato de fluoxetina. 
Boca seca, fotofobia e uma leve desatenção foram os efeitos negativos que mais notei, em contrapartida a tranquilidade e ausência das acelerações cardíacas, menos tensão muscular e menos azia foram os efeitos positivos. 
Uma leve euforia também me foi notada, principalmente depois de sair da natação à noite, como não aceitei nenhum medicamento para dormir, ainda estou em fase de regulação do sono. 
Eu espero que ao menos a agitação noturna passe ou que eu consiga controla-la, de resto uma sensação muito boa de que as coisas estão partindo para seu devido lugar me toma.