domingo, 7 de junho de 2015

Quanta música pode haver dentro de si?

Não posso tocar ou cheirar o som
mas posso torce-lo e molda-lo
Ele não ocupa o espaço físico
pode ser pesado como um olhar
leve como o sabor de um verão
E não comprime meu peito

Mas pode pesar no meu coração

E não há medo nas melodias
é onde posso correr meu lápis
pintar uma relação com a vida
e poder reforçar meu traçado
sem deixar marcas profundas 
mas eternas como tatuagens

E pude fluir como tinta pelas veias





 



segunda-feira, 1 de junho de 2015

boicote

Me apartei de mim tão forte que perdi o caminho de volta

Há sempre uma parte que destoa, dissocia
Eu sou dissonante do meu próprio timbre
As poucas cordas que mantém estão ressecadas
O som que produzo agora é aborrecido e baixo
Uma trilha sonora para um enjôo de maré, azedo
Salmoura morna, leite azedo, sofá mofado ao sol

Desaprendi os impulsos mais básicos do ser
Quem sou eu agora, além de grito atado em si
Cores apagadas dos fantasmas de sonhos lindos
O eco do sussurro de quem eu fui além desse dia
Me faço carapaça, imagem torta do miolo mole.